Quantas vezes eu me segurei, quantas vezes tentei evitar escrever quando estava confusa ou mesmo triste. Tinha medo de que não me entendessem, de que julgassem minhas preocupações desnecessárias. As palavras, entretanto, soam como martelos em minha cabeça, implorando para saírem. Quantas vezes eu me importei com mínimas coisas. Chamavam-me de perfeccionista, eu negava. Não sei o que houve com aquela menina. Agora é como se eu não reparasse aquelas coisas que eram tão pequenas. É como se eu quisesse ver o mundo inteiro com apenas um olhar ou desejasse resolver tudo de uma vez. Uma angústia por descobrir se vale a pena lutar, se despedaçar, se reconstruir.
Quantas vezes eu disse: "Não posso, tenho que estudar." Quantas vezes sussurrei: "Hoje não vai dar". Quantas vezes eu pedi silêncio, pedi um ar pra respirar. Mas a guerra não acabou e o cavaleiro não pode desistir agora. Só que a verdade é que eu não deixei de viver e também não perdi nada. Apenas escolhi um outro caminho: para uns, um tanto sem graça, para outros, um ato de coragem. Eles gostam de comparação. Gostam daqueles que, brincando, conseguiram o que queriam, ou dos festeiros que dizem não ter feito esforço algum. Eles se iludem, não sabem que existem diferentes formas de sorrir ou esquecem que cada um tem suas fraquezas, afinal são humanos imperfeitos.
Quantas vezes me fugiram as palavras e eu não soube explicar o porquê. Quantas vezes eu não consegui fingir que estava tudo bem. Quantas vezes eu desejei colocar na cabeça das pessoas um pouco mais de compaixão. Não sei se o mundo seria mais chato, mas com certeza seria mais justo. Quantas vezes eu quis pular todo esse sofrimento e chegar logo no final feliz. Quantas vezes eu acreditei que ele pudesse existir. Desculpa, na verdade eu acredito sim. Eu prefiro crer que seja desta forma. Pra aliviar, aliviar as dores que sinto. Quantas vezes eu quis fugir de mim mesma. Quantas vezes eu disse: "Que vontade de sair correndo". Quantas vezes eu quis voltar pro sonho ou tive medo de deixar de lado o cobertor, levantar da cama e encarar as coisas de frente?
Quantas vezes eu me perguntei: "Como eu posso melhorar a vida das pessoas?" Quantas vezes eu implorei por saber: " Qual é a minha vocação?" ou "Eu sirvo mesmo pra isso?". Quantas vezes me disseram que eu passava muito tempo fazendo algo. Só que para mim parecia sempre muito pouco tempo. Parecia que eu nunca tinha feito o suficiente. Mas também parece que eu deixei um pouco a vida me levar, saindo daquela linha tão intacta que havia traçado em mente. Digo isso em relação a alguns sonhos que preferi chamar de objetivos. Quantas vezes disseram que eu era boba, que me preocupava demais. Pois darei minha resposta à Sócrates: "Só sei que nada sei". Aliás, me atreverei a falar que deve haver mais loucos assim, mais bobos, mais sonhadores, que façam valer a pena. Então lhes digo: vocês não são os únicos, estamos juntos nesta luta. E levantaremos quantas vezes for necessário.
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