Era mais um sábado qualquer, aparentemente um sábado vazio. Mas a poesia estava comigo naquele ar de fins de inverno. Ilustre Mário Quintana me veio à mente: "Todos esses que aí estão, atravancando o meu caminho, eles passarão... eu passarinho!". Pois eu passava mesmo pela rua, e algumas pombas na calçada divertiam-se com migalhas no chão. Atravessei o território alheio, mas uma surpresa: as pombas não voaram! Algo que me intrigou muito. Mês atrás eu tentava tirar discretamente uma foto de uma pomba, a uma boa distância, e fracassava num súbito voo. Já estava prestes a atravessar a rua, mas dei meia volta para passar novamente entre aqueles tão graciosos animais. Surpresa mesmo, estavam calmas como o vento. Minha presença era como se não existisse.
Confesso que nunca entendi muito bem a essência daqueles versos. Alguém muito especial me disse uma vez que eles continham um "eu passarei rindo". Exatamente o que eu fiz, passei rindo. Rindo para mim, claro. Um riso interior, tão bom para a alma. E o que era um sábado vazio, transbordou nessas pequenas palavras. E aqueles que estivessem atravancando o meu caminho, azar o deles. Façamos como as pombas, mantendo o instinto de segurança, mas também lembrando que às vezes o que precisamos fazer é simplesmente não deixar que certas coisas nos desviem dos nossos objetivos. E passaremos rindo!
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